O Pachacuti como categoria espaço-temporal andina: da escrita colonial ao mundo digital

Inicialmente o presente projeto financiado pela FAPESP, tinha como único proposito o estudo de uma  categoria espaço-temporal  da cosmologia andina em língua quéchua e aymara, o pachacuti. Para cumprir  este  objetivo foram  selecionadas algumas fontes e documentos produzidos  entre os anos de 1550 e 1615 aproximadamente, no contexto do Vice-reino peruano, pontualmente as crônicas espanholas Suma y narración de los Incas de Juan Diez de Betanzos (1551), a Historia indica de Pedro Sarmiento de Gamboa (1573), Fabulas y ritos de los ingas de Cristóbal de Molina (1575), Instrucción para descubrir todas las guacas del piru (1581-1585) de Cristóbal de Albornoz, e o Manuscrito de Huarochiri (1608-?), como também as crônicas de autoria indígena e mestiça  intituladas Nueva Coronica y Buen Gobierno (1585-1615) de Felipe Guaman Poma de Ayala,  a  Relación de Antigüedades desde reino del Piru (1613) de Juan de Santa Cruz Pachacuti  e os Comentários reales de los Incas (1609) do Inca Garcilaso de la Vega.  Todos estes documentos tem um fator em comum relacionado a uma preocupação pela história do chamado Novo Mundo e as concepções espaço-temporais do mundo andino. Isto provocaria uma forte tensão entre as concepções de história medievais-cristãs que carregavam os cronistas ibéricos, e os conceitos de origem indígena que transmitiram oralmente os nativos andinos aos cronistas e religiosos da época, encarregados de construir uma narrativa sobre o passado andino.

                          
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No entanto, e devido ao contato de nossa pesquisa com a Teoria da Historia e sua relação com o estudo e analise de outras temporalidades não ocidentais, nossa reflexão sobre o tempo andino sofreu uma ampliação no recorte de pesquisa ao tempo presente, buscando assim compreender como o pachacuti sería ainda hoje reapropriado e reinterpretado por diversos sujeitos e respondendo a diversas demandas. Para atingir essa nova frente de pesquisa surgida entre outras coisas pelo atual contexto pandêmico, adotamos uma nova fonte, a rede social Twitter. O que estamos pesquisando nesta nova fonte é o uso e menção da palavra pachacuti nos tweets desde o ano de 2012 até  a atualidade.

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O recorte está justificado sobre o estimulo que seria a data de 2012 para a difusão e surgimento de novas leituras e interpretações   de alguns calendários ameríndios como o maia, o que possibilitou o uso de termos  correlatos ao mundo indígena como o  pachacuti e o  suposto começo de uma nova era. Também é importante dizer que nestas primeiras raspagens se acho uma possível associação  e relação do Coronavirus como um novo pachacuti.