O Centro de Humanidades Digitais IFCH-Unicamp (CHD) tem como objetivo estimular pesquisas no campo das humanidades digitais, em especial de natureza interdisciplinar. Seu escopo inclui refletir, experimentalmente, sobre aspectos teóricos e metodológicos das mídias digitais e seu arquivamento, desenvolver técnicas de processamento de corpus arquivísticos e bibliográficos, bem como explorar as formas de conexão e difusão com a sociedade. A premissa principal do CHD é o entendimento de que a tecnologia não é um dado, mas um constructo social complexo que pode ser inscrito na história da técnica e da modernidade; sendo assim, as mídias digitais devem ser estudadas e criticadas na sua historicidade e complexidade.
O CHD tem como interface o Grupo de Pesquisa CNPq “Memória Digital: Arquivo e Documento Histórico no Mundo Contemporâneo”, iniciado em 2020, e situado na Universidade Estadual de Campinas, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH-Unicamp), mais especificamente no Departamento de História. Liderado por Thiago Lima Nicodemo e pelo vice-líder Pedro Telles da Silveira, o Grupo de Pesquisa é composto por duas linhas de pesquisa: “Tecnologia, arquivo e documento: memória COVID-19 e outras memórias” e “Teoria e método em Humanidades Digitais”. No total, o “Memória Digital: Arquivo e Documento Histórico no Mundo Contemporâneo” contém 20 integrantes, sendo 15 pesquisadores, 3 estudantes e 2 colaboradores estrangeiros.
Além das iniciativas de pesquisa individuais de seus membros, o CHD tem atuado em projetos específicos. A linha “Técnicas da evidência histórica: disputas de memória, patrimônio e a construção tecnológica dos indícios históricos”, liderada por Pedro Telles da Silveira, inquire sobre o lugar da evidência em meio ao digital. Se a história sempre esteve associada à visão, o que acontece agora quando não são apenas os seres humanos, mas também as máquinas, que podem ver? Outra linha de ação, coordenada pelo professor Aldair Rodrigues, concentra-se na coleta e na divulgação de informações sobre a população escravizada que viveu em Minas Gerais no século XVIII, dialogando com esforços nacionais e internacionais interessados na criação de bancos de dados sobre a diáspora africana. Uma terceira frente de pesquisa concentra-se no mapeamento e na criação de um acervo digital de uma rede de intelectuais americanistas, a partir da coleta e do desenvolvimento de ferramentas de pesquisa e leitura de diversos periódicos e acervos da primeira metade do século XX. Há ainda outro projeto, que tem investigado as formas de atuação profissional de historiadores e historiadoras no mundo contemporâneo. A partir de entrevistas com diversos profissionais, tem se buscado compreender os espaços de atuação, as promessas e os desafios da inserção profissional em um mundo cada vez mais marcado pela presença do digital.
Outras frentes de atuação, por sua vez, direcionam-se a compreender as formas de arquivamento digital a partir da experiência da pandemia da COVID-19. Desenha-se o esforço investigativo de compreender o processo de arquivamento da memória da COVID-19 em âmbito nacional, a partir de entrevistas com os principais organizadores de arquivos digitais da pandemia no Brasil. Igualmente, estende-se a discussão a nível global, mapeando-se e comparando-se iniciativas de arquivamento da COVID-19 ao redor do mundo, a fim de consolidarem-se impressões teóricas e metodológicas sobre o arquivo digital e a escrita da história do novo coronavírus em uma escala global.